sábado, 13 de dezembro de 2008

barriga da aluguel para casal gay


Trinta anos após primeiro bebê de proveta, casal de gays tem filhos gêmeos por parte de mãe
Publicada em 17/07/2008 às 00h42mChristine Lages - O Globo Online

RIO - Há 30 anos, nascia o primeiro bebê de proveta , revolucionando a medicina. De lá para cá, o tratamento de fertilização in vitro se desenvolveu, aumentando as esperanças de quem sonha em ter um bebê. E o que não passava de ilusão para casais homossexuais virou possibilidade: dois bebês nascidos da mesma barriga de aluguel, irmãos gêmeos bivitelinos (de óvulos diferentes) por parte de mãe e com material genético de pais diferentes. A técnica, pouco conhecida no Brasil, vem sendo utilizada para realizar o desejo de diversos casais gays na Califórnia, Estados Unidos.
Os irmãos americanos Milo e Kaylie, de 1 ano, são a prova do desenvolvimento da fertilização assistida. Seus pais, James e Frank Reifsnyder, de 41 e 37 anos, estão juntos há dez anos e casados oficialmente há pouco mais de um mês. O sonho do casal homossexual era ter seus próprios filhos, mas, naturalmente, a idéia parecia cada vez mais distante. Até que conheceram a organização Growing Generations , especializada em fertilização in vitro para parceiros gays.
James e Frank se consultaram e descobriram que poderiam ter filhos gêmeos de "mãe", mas cada um seria pai de uma das crianças. O custo, no entanto, ainda é alto, impossibilitando a maioria dos casais de realizar o tão esperado sonho: 40 mil dólares (cerca de R$ 63.900) pela inseminação artificial e 30 mil dólares (R$ 47.930) por custos, como a contratação de uma barriga de aluguel.
" Escolhemos uma doadora de óvulos que tivesse características parecidas com as nossas "
- Nós dois somos parecidos. Temos muitas semelhanças. Então, através do site da organização, escolhemos uma doadora de óvulos que tivesse características parecidas com as nossas - conta Jim, como é chamado pelos amigos.
O americano diz que para encontrar uma doadora de óvulos há diversas etapas, como o estado de saúde da mulher, além de escolher uma pessoa que tenha a idade ideal para fazer a doação.
- Encontramos uma doadora de 22 anos. Demoramos um mês para achá-la. Queríamos uma pessoa perfeita para o nosso caso. É uma ótima idade, pois seus óvulos não são envelhecidos, aumentando as chances de sucesso no procedimento - revela Jim, que não teve qualquer contato com a mulher. - Não sabemos nem o sobrenome dela.
Segundo o americano, a doadora foi medicada e poucos dias depois doou 16 óvulos. Desses, seis foram separados para serem fecundos por Jim e sete, por Frank. No fim do processo, havia três óvulos fecundados por cada um dos pais. Os médicos implantaram um de cada no útero de uma segunda mulher, contratada como barriga de aluguel.
- Legalmente, esta foi a melhor saída, já que a doadora dos óvulos não teria qualquer vínculo com os bebês - explica ele.
Mas escolher uma barriga de aluguel não foi tarefa fácil para o casal. Eles contam que a agência providenciou diversas mulheres, mas a escolha foi feita a partir do passado da "hospedeira".
" Poderíamos fazer um exame de DNA para saber quem é filho de quem, mas não pensamos nisso agora "
- Para carregar nossos filhos, optamos por uma mulher um pouco mais velha, na faixa dos 30 anos, que já tivesse parido antes. Ela teve cinco filhos, incluindo dois gêmeos, e todas as suas gestações foram tranqüilas. Ela é uma mulher que desejava ter mais filhos, mas não tem condições financeiras para criar mais nenhuma criança - afirma Jim.
Pai de Milo e Kaylie, que nasceram no dia 5 de março de 2007, Jim não se considera pai biológico apenas de uma das crianças:
- Poderíamos fazer um exame de DNA para saber quem é filho de quem, mas não pensamos nisso agora.
Ele conta que as chances de dois óvulos fecundados vingarem são de 24%.
- Somos sortudos, mas sabemos que, se os óvulos são de uma doadora jovem, as chances aumentam - diz ele, acrescentando que se um dos óvulos fecundados não vingasse, eles iriam repetir o procedimento para que ambos tivessem a oportunidade de ter um filho de sangue.

Sobre a barriga de aluguel, Jim conta que as famílias mantêm contato, enviando fotos e promovendo encontros esporádicos com a "mãe", mas que ela não tem direito legal nenhum sobre os filhos do casal.
Os outros óvulos fecundados do casal foram congelados e, segundo Jim, o objetivo dele e seu parceiro é repetir o mesmo procedimento no futuro.
- Quando decidirmos que não queremos mais filhos, vamos doar os embriões para casais que não podem fecundar. Fico muito feliz de a tecnologia ser avançada o suficiente para usarmos de forma ética e com responsabilidade - completou.
Raio de Luz

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