segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Baby boom gay por subrrogação


Casais gays vivem ‘baby boom’ nos Estados Unidos - 15/12/2003Helena CelestinoO Globo14/12/03NOVA YORK. Alguns já batizaram o movimento de “baby boom gay”. Enquanto especialistas discutem em talk-shows de televisão, jornais publicam editoriais e políticos não sabem como reagir à decisão da Suprema Corte de Massachusetts de permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo, uma pracinha no meio do West Village demonstra que os gays de Nova York já deixaram de lado esta polêmica. No playground da Bleecker Street, casais homossexuais se encontram para aproveitar o sol do outono enquanto os filhos brincam e berram, gastando energia depois de mais um dia de escola. O clima não pode ser mais familiar, mas as crianças têm duas mães ou dois pais. São gays e lésbicas que adotaram bebês ou usaram as novas tecnologias de fertilização para ter filhos.Já não causa espanto encontrar casais do mesmo sexo empurrando carrinho de bebê ou puxando uma criança pela mão nas ruas do Chelsea, bairro da moda, cheio de galerias de arte, restaurantes, bares e boates, povoados por uma maioria gay. Ninguém fica surpreso também ao vê-los buscando filhos nas portas das escolas ou fazendo compras em lojas de crianças.Nova York terá primeiro cruzeiro para famílias gaysJá há até quem esteja aproveitando esse novo nicho de mercado para faturar. No próximo verão, sai de Nova York o primeiro cruzeiro para gays e lésbicas com filhos, num roteiro bem adaptado a férias familiares: sete dias num navio com todo conforto — de spas a piscinas e playground — e paradas estratégicas na Disney World e nos estúdios da Universal.— As pessoas estão simplesmente tendo filhos. É uma revolução — diz David Strah.Ele vive com Barry Miguel e foi pai pela primeira vez em 1998. Ficou tão impressionado com a mudança de vida que saiu procurando outros homossexuais com filhos. Encontrou muitos e escreveu um livro, “Gay dads” (“Pais gays“), com depoimentos de 24 famílias vivendo a mesma experiência que ele. Hoje, tem dois filhos adotados e se considera num lar tipicamente americano, já que as estatísticas mostram que só 24% das famílias nos Estados Unidos têm uma configuração tradicional, ou seja, mãe, pai e filhos vivendo sob o mesmo teto. “Nós temos dois filhos, dois cachorros e um carro com três fileiras de banco para caber todo mundo. Nós somos a família americana”, ouviu Strah de seu companheiro Barry Miguel.Nos EUA não há recenseamento de famílias homossexuais com filhos. O fenômeno é recente e diferente de outro registrado há alguns anos, quando casais gays criavam as crianças do primeiro casamento de um dos parceiros. O atual “baby boom gay” foi estimulado pela mudança da lei em vários estados — entre eles Nova York, Nova Jersey e Vermont — permitindo que, ao ser adotada por um dos membros do casal, a criança também seja considerada legalmente filha do seu companheiro. É um subterfúgio que, na prática, dá aos gays direito de serem legalmente pais ou mães.Para acompanhar essas novas famílias, multiplicaram-se as ONGs para ajudar na hora da adoção, os advogados especializados e os serviços de apoio psicológico, educacional e mesmo financeiro.Custa caro constituir famílias: a adoção em agências públicas é gratuita, mas se o bebê for contatado por serviços particulares o trâmite sai por US$ 5 mil. Os métodos de reprodução assistida são ainda mais caros: uma inseminação artificial custa US$ 40 mil e se incluir barriga de aluguel pode chegar a US$ 100 mil. Mas isso não parece desestimular os candidatos a pai ou mãe.— Há um ano, mudei-me de Dupont Circle, um bairro de Washington conhecido como gueto gay, onde homossexuais de mãos dadas ou empurrando carrinho não surpreendiam. E quando cheguei ao bairro que meus amigos gays chamavam de território inimigo, rapidamente descobri que o mesmo acontecia em todas as áreas da cidade — conta David, professor universitário que prefere omitir seu sobrenome.Chegada dos filhos provoca mudançasJunto de seu companheiro Jon, David usou uma barriga de aluguel para ter filhos. Seu parceiro é latino e considerava fundamental os laços de sangue. Depois de um longo processo de escolha da doadora dos óvulos, hoje eles são pais de gêmeos.— A nossa vida mudou completamente. Sentimo-nos isolados dos outros amigos — conta David, garantindo que, apesar disso, está muito feliz com a nova vida.A chegada de bebês significa uma mudança de vida dramática, mais até que nas famílias tradicionais. Muitos gays dizem que não querem se casar e consideram ter filhos uma loucura que “costuma dar em burgueses heteros”.fontehttp://sistemas.aids.gov.br/imprensa/Noticias.asp?NOTCod=52675

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